Relatos de uma Vida

Parte 2
Relato de uma Vida - Um amigo imaginário

Depois daquela violência que sofri, tentei contar à minha mãe, mas ela não acreditou em mim. Então não podia contar com ninguém, estava sozinha e desamparada e depois daquele dia fiquei cada vez mais fechada no meu mundo de sofrimento.

E para piorar a situação e aumentar a perturbação, passei a ter uma companhia muito esquisita, foi assim: estava sozinha no quarto e decidi pegar os meus brinquedos, sentei no chão e comecei a brincar com eles. De repente, vi outra criança aparentando ter a minha idade. Apanhei um susto! Ele estava de cabeça baixa, não conseguia ver o seu rosto e então apresentou-se para mim: “eu sou o seu anjo de luz, vou-te proteger enquanto víveres, mas não poderás ver o meu rosto”. Como eu não tinha em quem confiar, achei que seria um amigo verdadeiro, e só eu podia vê-lo. Ele apareceu no momento que eu mais precisava de alguém.

Ele passou então a controlar toda minha vida, quando conhecia uma amiguinha nova, ele nunca me deixava ter amizade com ela, era ele quem escolhia as minhas amizades, e eram sempre crianças que os meus pais não me deixavam brincar, porque eram rebeldes, problemáticas. Eu não queria desobedecer a minha mãe, mas o que ele falava eu tinha que obedecer.

Na escola, cada vez mais o meu comportamento só piorava e na hora do recreio ficava sozinha, e o meu amigo imaginário falava: “vai lá, mexe com aquele dali!” e eu ia, esbarrava-me nos outros só para causar briga. Eu era pequena, magrinha, mas às vezes eu conseguia agredir quatro crianças de uma só vez e não sofria um arranhão, porque ele estava ali e dizia: “ninguém vai tocar-te, só que tu não podes olhar pra mim”, e sempre jogava uma capa preta por cima de mim, alegando que era para me proteger, só que quando dava conta, já estava na sala da diretora e mesmo quando não era eu quem começava a briga, sempre levava toda a culpa, e chamavam a minha mãe.

Continua...


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